Vida de Santidade
A vida de santidade começa pela
palavra de Deus, a partir da fé, da esperança e da caridade; pois, pela sua
palavra nos criou nos formou e nos fez para sua glória. (Is 43,7=Vulgata)
“A palavra de Deus é viva, eficaz,
mais penetrante do que espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do
corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração”
(Hb 4,12).
Pela sua palavra, o Senhor, nosso Deus,
não apenas criou o céu e a terra e tudo quanto neles há, mas falou conosco e
colocou a sua lei em nossos corações (Gn 2,16-17), para que continuemos sempre
santos, perfeitos e irrepreensíveis diante dele, como filhos e filhas, fiéis,
verdadeiros operários de sua messe, frutuosos edificadores do reino de justiça,
paz e alegria do Espírito Santo. (Rm 14,17).
“Que se poderia fazer por minha
vinha, que eu não tenha feito”? (Is 5,4ss).
Apesar de o Senhor, Deus de Abraão,
de Isaac e Jacó, ter feito tudo de santo e perfeito em sua Igreja, estará
sempre disposto a renovar e santificar todas as coisas, a partir dos corações
de seus filhos e filhas, amados.
O Senhor, nosso Deus, sempre nos amou
(Jr 31,3). Por isso, quando se manifestou a plenitude dos tempos, e sua bondade
para com os homens, não por obra de justiça que tivéssemos praticado; mas
unicamente por sua misericórdia, salvou-nos mediante o batismo de regeneração e
renovação do Espírito Santo, que nos foi concedido em profusão, por meio de
Jesus Cristo, nosso Salvador, para que a justificação obtida por sua graça nos
torne, em esperança, herdeiros da vida eterna. (Tt 3,4-7).
Sob a luz da palavra de Deus,
monsenhor Jonas Abib, da Canção Nova, nos apresenta a chave do mistério da vida
de santidade: “Santos ou santos”; isto é, não há alternativas.
Assim, é necessário que, além das
virtudes teologais, vivamos a graça que nos salvou e, sob a condução amorosa do
Espírito Santo, acolhamos os dons, através dos quais somos santificados, para que
vivamos em sua plenitude, em nossos corações, os vínculos de sua perfeição amorosa.
“Presta atenção as minhas palavras,
aplica teu coração à minha doutrina, pois, quando a guardares em teu coração,
ela transbordará de teus lábios” (Pr 22,17-8 = Vulgata).
Ora, o Senhor, nosso Deus, que é
fidelíssimo, nos chama à comunhão do seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. (I
Cor 1,9). Para este mister somos templos de Deus, onde habita o Espírito Santo
(I Cor 3,16). Na verdade, o apóstolo S. Paulo nos ensina que até o nosso corpo
é templo do Espírito Santo. “Trazei e glorificai a Deus no vosso corpo; pois,
fostes comprados por um alto preço” (I Cor 6,19-20).
A vida de santidade requer vários
ingredientes:
- A fé que move montanhas e opera
pela caridade. (Gl 5,6b).
“Se tiverdes fé como um grão de
mostarda, direis a esta amoreira: “arranca-te e transplanta-te no mar, e ela
vos obedecerá”. (Lc 17,6)”.
Isto quer dizer: pelo poder da fé
revestida da graça e o dom gratuito de
Deus, pela viva esperança e os vínculos de perfeições da caridade do amor
eterno (Jr 31,3, a árvore da vida já se transportou do centro do jardim do
Éden, ao jardim festivo de nossos corações, visto que o Senhor Jesus partilha
conosco o pão vivo que desceu do céu.
“Eis que estou à porta e bato: se
alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos,
eu com ele e ele comigo” (Ap 3,20).
- O que Deus nos fala?
“O Senhor reina eternamente, e além
da eternidade” (Ex 15,18 = Vulgata).
“Dirás a toda a assembleia de Israel
o seguinte: sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2).
“Agora, pois, se obedecerdes a minha
voz, e guardardes minha aliança, sereis o meu povo particular entre todos os
povos. Toda a terra é minha, mas vós me sereis um reino de sacerdotes e uma
nação santa” (Ex 19,6).
“Então, procurarás o Senhor, teu
Deus, e o encontrarás, contanto que o busques de todo o teu coração e de toda a
tua alma” (Dt 4,29).
- Que nos fala o Senhor Jesus Cristo
a partir de seus apóstolos?
“Se me amais, guardareis os meus
mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que
figue eternamente convosco” (Jo 14,15-16).
“A obra de Deus é esta: “que creiais
naquele que ele enviou” (Jo 6,29)”.
“Todo aquele que o Pai me dá virá a
mim, e o que vem a mim não o lançarei fora” (Jo 6,37).
“Ninguém pode vir a mim se o Pai, que
me enviou, não o atrair; e eu hei de ressuscitá-lo no último dia” (Jo 6,44).
“Se alguém me ama, guardará a minha
palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada” (Jo
14,23).
O Senhor Jesus nos apresenta, através
das bem-aventuranças, uma visão plena de nossa vida de Santidade:
“Bem-aventurados os que têm um
coração de pobres, porque deles é o Reino dos céus!” (Mt 5,3).
“Bem-aventurados os que choram, porque
serão consolados!” (Mt 5,4).
“Bem-aventurados os mansos, porque
possuirão a terra!” (Mt 5,5).
“Bem-aventurados os que têm fome e
sede de justiça, porque serão saciados!” (Mt 5,6).
“Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia!” (Mt 5,7).
“Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus!” (Mt 5,8).
“Bem-aventurados os pacíficos, porque
serão chamados filhos de Deus!” (Mt 5,9).
“Bem-aventurados os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!” (Mt 5,10).
“Bem-aventurados sereis quando vos
caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo mal contra vós
por causa de mim” (Mt 5,11).
“Alegrai-vos e exultai, porque será
grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que
vieram antes de vós” (Mt 5,12).
O Senhor Jesus Cristo é o protótipo
de nossa perfeição (Mt 5,48), a glória de nossa vida de santidade, porque ele
veio ao mundo para nos dar a vida, a fim de que vivamos abundantemente (Jo
10,10); pois a vida de santidade é esta: que andemos como ele andou” (I Jo
2,6).
Finalmente, encerramos este estudo
com a exortação do apóstolo S. Pedro:
“A exemplo da santidade daquele que
vos chamou sede também vós santos em todas as vossas ações; pois está escrito:
“Sede santos porque eu sou santo” (I Pd 1,15)”.
Ora, São Paulo nos ensina, dizendo:
“Procurai a paz com todos e ao mesmo
tempo a santidade, sem a qual ninguém pode ver a Deus” (Hb 12,14).
João C. Porto