Dons do Espírito Santo
No paraíso!... Quando Deus nos criou do barro da terra, criou-nos e nos modelou para
a imortalidade (Sb 2,23), soprou sobre as narinas do primeiro homem, fê-lo a
imagem de sua própria natureza; isto é, deu-lhe o espírito de vida, e a sua semelhança,
que é uma alma santa (Gn 2,7).
Santa Tereza Couderc, fundadoura da
ordem das irmãs de nossa Senhora do Cenáculo, em seu peque livro, nos exorta,
dizendo: “Deixa que Deus te modele, tu não sabes o que Ele fará de ti”.
Ora, Deus, em nome do glorioso Senhor
Jesus Cristo, seu Filho amado, para que saiamos do estado de homem velho para
homem novo criado por Ele na verdadeira justiça e santidade (Ef 4,23-24),
regenerou-nos e nos renovou pelo batismo do Espírito Santo, em virtude de sua
infinita misericórdia (Tt 3,4-7), pelo que nos deu:
- A graça que, pela fé em Jesus
Cristo, nos salva, cura e liberta, enchendo-nos de seus maravilhosos dons.
“Pela graça fostes salvos mediante a
fé em Jesus Cristo. Isto não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus”.
(Ef 2.8).
- O Espírito Santo com seus dons
infusos, para santificação de nossa alma.
“Sobre ele repousará o Espírito do
Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito de conselho e de fortaleza, Espírito de ciência
e de piedade, e será cheio do dom de
temor ao Senhor” (Is 11,2).
- Pelo mesmo Espírito, os dons
carismáticos ou, simplesmente, carismas; do grego: serviços.
“A cada um é dada a manifestação do
Espírito para proveito comum. A um é dada pelo Espírito uma palavra de
sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a
fé, pelo mesmo Espírito; a outro a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito;
a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos
espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação
das línguas. Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, repartindo a
cada um conforme lhe apraz” (I Cor 12,7-11).
- As virtudes teologais.
“Por hora subsistem a fé, a esperança
e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade” (I Cor 13,13).
- As virtudes morais e/ou cardeais.
“Se alguém ama a justiça, seus
trabalhos são virtudes; ela ensina a temperança e a prudência, a justiça e a
fortaleza: não há ninguém que seja mais útil aos homens na vida” (Sb 8,7).
- Os frutos do Espírito Santo.
“Ao contrário, o fruto do Espírito é
a caridade, o gozo, a paz, a paciência, a benignidade, a bondade,
a longanimidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia,
a continência, a castidade. Contra estas coisas não há
lei” (Gl 5,22-23).
- Deus, que por amor de justiça, de
misericórdia e de fidelidade, salvou-nos, em seu Filho Jesus Cristo, da morte
do pecado:
"Ela dara à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele savará o seu povo de seus pecados" (Mt 1,21),
"Ela dara à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele savará o seu povo de seus pecados" (Mt 1,21),
“Não há, pois, agora nenhuma
condenação para os que estão em Jesus Cristo, os quais não andam segundo a
carne. Porque a lei do Espírito de vida em Jesus Cristo me livrou da lei do
pecado e da morte” (Rm 8,1-2 = Vulgata).
“Porque, se viverdes segundo a carne,
morrereis; mas se, pelo espírito, fizerdes morrer as obras da carne, vivereis”
(Rm 8,13 = Vulgata).
Ora, se meditarmos – de fé em fé – na
caridade do amor do Senhor Jesus, em seus vínculos de perfeições, chegaremos à
compreensão de como, desde criança crescemos no pecado, e, como, pela palavra
de Deus, em Cristo Jesus, já estamos salvos, e de que maneira, pelo Espírito
Santo, segundo nossa aquiescência e o assentimento da verdade, seremos
santificados, para glória de Deus Pai.
Assim, quando nascemos para este
mundo secularizado, para vivermos no meio sensível da matéria, a expressão da razão,
que nasce e cresce em nossos corações, tem como princípio nossos sentidos:
- Audição, Olfato, Paladar, Tato e
Visão.
Assim, a partir daí, somos
estimulados à formação racional de nossa alma, através das faculdades do nosso
espírito.
Nossas faculdades espirituais são
cinco, a saber: Inteligência, Vontade, Memória, Imaginação e Afetividades.
A razão, alma ou coração, é-nos
estruturada, desde criancinhas, de fora para dentro de nosso coração, de tal modo que, quando atingimos a
vida de homens feitos, teremos a tendência maior de vivermos segundo as coisas
que há no mundo.
“Não ameis o mundo nem as coisas que
há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o
que há no mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a
soberba da vida – não vêm do Pai, mas do mundo. Ora, o mundo passa e a sua
concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (I
Jo 2,15-17).
“Mas a cada um de nós foi dada a
graça segundo a medida do dom de Cristo”. Pelo que a Escritura diz: “Tendo
subido ao alto, levou cativo o cativeiro, distribuiu dons pelos homens”. Ora, que
significa subiu, senão que também antes tinha decido aos lugares mais baixos da
terra? Aquele que desceu, é aquele mesmo que também subiu acima de todos os
céus. para cumprir todas as coisas. Ele
a uns constituiu apóstolos, a outros profetas, a outros evangelistas, a outros
pastores e doutores, para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para a edificação do corpo de Cristo, até que cheguemos todos à
unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao estado do homem perfeito,
segundo a medida da idade completa de Cristo, para que não mais sejamos meninos
flutuantes, e levados ao sabor de todo o vento de doutrina, pela malignidade
dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. (Ef 4,7-14).
Ora, pelo arrependimento de nossos
pecados e a entrega incondicional ao Senhor Jesus Cristo, recebemos, pelo
batismo do Espírito Santo, a fé da verdade, a esperança da herança reservada
aos santos e o vínculo de perfeição, a caridade, que, em nossos corações, é a
face do próprio Espírito de Deus, como a luz se reflete em nosso interior, para
a obra de santificação de nossa alma que, agora, é em sentido contrário a face
do mundo, porque é reversiva, isto é, de dentro para fora de nosso eu.
A visão geral que temos, sobre o
conteúdo até aqui revelado, é a de que, desde criancinhas, a estrutura
secularizada do mundo conduziu-nos através do caminho da porta larga (Mt 7,13),
pelo que nossas faculdades espirituais cedem aos caprichos desordenados de
nossos sentido, segundo o mundo.
“Em verdade vos declaro: se não vos
transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos
céus. Aquele que se fizer humilde como esta criança será maior no Reino dos
céus” (Mt 18,3-4).
“Estreita, porém, é a porta e
apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram” (Mt 7,14).
É-nos necessário que sejamos mansos e
humildes de coração como o Senhor Jesus o é. Somente assim, aprendendo tudo de
sua doutrina, encontraremos descanso para nossa alma (Mt 11,29). Na verdade,
“aquele que afirma permanecer nele (Jesus) deve também viver como ele (Jesus)
viveu” (I Jo 2,6).
Desse modo, a obra santificadora que
o Espírito Santo fará em nós, é de regeneração e renovação pelo batismo que
recebemos na Santa Igreja do Senhor.
Agora será uma obra de conversão
total do homem, a partir do profundo do coração, através dos dons que
santificam nossas faculdades, para que, desse modo, santificadas e purificadas as
potências interiores, sejamos,
amorosamente, conduzidos no caminho de nossa fé, sob a luz do olhar do Espírito
Santo. (Sl 31,8)
“Mas um dia apareceu à bondade de
Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com os homens. E não por causa de obra
de justiça que tivéssemos praticado, mas unicamente em virtude de sua
misericórdia, ele nos salvou mediante o batismo de regeneração e renovação,
pelo Espírito Santo, que nos foi concedido em profusão, por meio de Cristo,
nosso Salvador, para que a justificação obtida por sua graça nos torne, em
esperança, herdeiros da vida eterna. Certa é esta doutrina, e quero que a
ensine com constância e firmeza, para que os que abraçam a fé em Deus se
esforcem por se aperfeiçoar na prática do bem. Isto é bom e útil aos homens” (Tt
3,4-8).
Vejamos como tudo isso ocorre para
nosso bem! Através dos dons: entendimento, sabedoria, conselho e ciência, o Espírito
Santo santifica nossa inteligência. Pelo dom da piedade, santifica nossa
vontade; e pelos dons da fortaleza e temor de Deus, Ele santifica as áreas de
nossas afetividades (memória, imaginação e afetividade).
Pelo dom do entendimento o Espírito
Santo nos move a penetrar nas verdades divinas – intus-legera – compreender no
profundo da verdade integral, para que tomemos conhecimento das coisas divinas.
Então, para santificação da nossa
inteligência, temos mais três dons:
- A sabedoria que julga das coisas
divinas;
- A ciência que julga das criaturas;
- O conselho que regula e dispõe os
nossos atos.
Para a santificação da nossa vontade,
há apenas um dom:
- O dom da piedade, que tem por
objetivo regular e dispor nosso relacionamento com os demais.
E, para santificar a área de nossas
afetividades, o Espírito Santo move em nossos corações dois dons:
- O dom de fortaleza para tirar de
nós o temor do perigo.
- O dom de temor ao Senhor para
modera e regular os ímpetos desordenados das nossas concupiscências; isto é,
dos nossos sentidos.
O que nos resta agora é aproximarmos
do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e encontrar graças para o
momento oportuno. (Hb 4,16).
Finalmente, nossa santificação
através dos dons infusos; isto é, fixados interiormente em nossos corações, é
uma obra exclusiva do Espírito Santo. Somente o Espírito de Deus, com os sete
dons, fará a santificação de nossa alma. Cabe a cada um dos filhos e filhas de
Deus, desejar e entregar-se de forma incondicional ao Senhor Jesus Cristo.
Já, então, pelos dons carismáticos,
somos nós os artífices de nossa santificação, na medida em que vivenciamos os
carismas.
Semelhantemente, a obra de perfeição,
realizadas através das virtudes cardeais e/ou morais, é uma obra que tem o selo
de nossa entrega e vivência entre irmãos.
“Sede perfeitos assim como o Pai
celeste é perfeito” (Mt 5,48).
João C. Porto
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