segunda-feira, 4 de outubro de 2010

PURGATÓRIO. Pe. Pedro Maria


Pe. Pedro Maria

I – Estado intermediário entre a vida nesta terra e a recompensa celeste, em que se faz a purificação que prepara a subida ao céu.

Na Bíblia existem outras designações desse estado intermediário:

1 - Prisão

“Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo”. (Mt 5,25-26).

“Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo”. (Lc 12,59).

2 – Fogo

Mas farei passar este terço pelo fogo; purificá-lo-ei como se purifica a prata; prová-lo-ei como se prova o ouro. Então ele invocará o meu nome, eu o ouvirei e direi: “Este é meu povo”; e ele responderá: “O Senhor é o meu Deus” (Zc 13,9).

“Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém, passando de alguma maneira através do fogo”. (I Cor 3,15).

3 – Mundo vindouro

“Todo o que tiver falado contra o Filho do homem será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste século nem no século vindouro”. (Mt 12,32).

4 – Abismo

“Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos (abismos)”. (Fl 2,10).

5 – Embaixo da terra

“Mas ninguém, nem no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro nem examiná-lo” (Ap 5,3).

E todas as criaturas que estão no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que contêm, eu as ouvi clamar: “Àquele que se assenta no trono e ao Cordeiro, louvor, honra, glória e poder pelos séculos dos séculos” (Ap 5,13).

6 – Campo ou parte

Eis o que ainda me mostrou o Senhor Javé: O Senhor Javé chamava o fogo para exercer o castigo. O fogo, tendo devorado o grande abismo, consumia também os campos. (Am 7,4), segundo São Jerônimo.

7 – Batismo de fogo

Ele tomou a palavra, dizendo a todos: “Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de lhe desatar a correia das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”. (Lc 3,16), segundo Orígenes.

8 – Espírito de justiça e espírito de fogo

“Quando o Senhor tiver lavado a imundície das filhas de Sião, e apagado de Jerusalém as manchas de sangue pelo sopro do direito e pelo vento devastador, (Is 4,4)”, segundo São Basílio.

9 – Profundezas

“Do fundo do abismo, clamo a vós, Senhor; (Sl 129,1)”, segundo a liturgia.

II – Principal pena do purgatório: separação provisória de Deus (pena do dano):

1. “Aquelas almas, não só por natureza, mas ainda pelo amor sobrenatural em que ardem para com Deus, com tal ímpeto são impelidas para se unirem ao sumo Bem que, vendo-se impedidas por motivo de suas culpas, sofrem dor tão acerba que, se lhes fosse possível a morte, morreriam a cada momento” (Sto. Afonso de Ligório + 1787).

2. As almas do purgatório estão ansiosas para verem a Deus.

“Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando irei contemplar a face de Deus?” (Sl 41,3)

“Minha alma desfalecida se consome suspirando pelos átrios do Senhor. Meu coração e minha carne exultam pelo Deus vivo” (Sl 83,3).

“A quem diriges este discurso? Sob a inspiração de quem falas tu?” (Sl 26,4).

“Ó Deus, vós sois o meu Deus, com ardor vos procuro. Minha alma está sedenta de vós, e minha carne por vós anela como a terra árida e sequiosa, sem água. Quero vos contemplar no santuário, para ver vosso poder e vossa glória” (Sl 62,2-3)

III – Outra pena do purgatório: fogo material (pena dos sentidos).

1. Snto. Agostinho ( + 430): “O fogo do purgatório é mais doloroso que qualquer pena que possamos ver, sentir ou imaginar deste mundo.

2. Snto. Tomás de Aquino (+ 1.274) diz que o fogo do purgatório é semelhante ao do inferno: “pelo mesmo fogo é atormentado o condenado, e purificado o escolhidos”.

3. Dionísio Cartusiano, teólogo do século XV, refere-se que certo defunto, ressuscitado por intercessão de São Jerônimo, disse a São Cirilo de Jerusalém que todos os tormentos desta terra são gozos e delícias em comparação com o menor sofrimento do purgatório: “Todos os tormentos desta vida, se comparados à menor pena do purgatório, seriam verdadeiros gozos”.

4. É teologicamente certo, bem que não DE FÉ, que as almas do purgatório são purificadas pela ação de um fogo real, e não metafórico. Alega-se:

I Cor 3,15:- Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo.

5. Há teólogos que tratam do purgatório como uma purificação durante o encontro com Deus no juízo particular. Alegam:

Ap 2,18:- “Ao anjo da Igreja de Tiatira, escreve: Eis o que diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao fino bronze”.

IV. Como Ajudar as Almas do Purgatório:

1. Com a Santa Missa, através da qual a misericórdia divina sacia sua fome de ver a Deus, como disse Davi:

Sl 110,4:- O Senhor instituiu um memorial das suas maravilhas, ele que é misericordioso e compassivo.

O Concílio de Trento (1545 - 1563) afirmou que o Santo Sacrifício da Missa é o sufrágio mais eficaz.

2. Com a ESMOLA.

Tb 4,18:- Põe o teu pão e o teu vinho sobre a sepultura do justo; mas não o comas, nem o beba em companhia dos pecadores.

Segundo Snto. Tomás, a esmola tem mais VALOR SATISFATÓRIO pelas almas do que a própria oração.

3. Com a ORAÇÃO

II Mac 12,46:- era esse um bom e religioso pensamento; eis por que ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de suas faltas.

II Tm 1,18:- O Senhor lhe conceda a graça de obter misericórdia junto do Senhor naquele dia. Sabes melhor que ninguém quantos bons serviços ele prestou em Éfeso.

4. Com o JEJUM

I Sm 31,13:- Tomaram os ossos e os enterraram debaixo da tamareira, em Jabes. Depois disso jejuaram sete dias.

5. Com as BOAS OBRAS

Eclo 7,.37:- Da de boa vontade a todos os vivos, não recuse esse benefício a um morto.

V. ALEGRIAS DO PURGATÓRIO

Apesar dos sofrimentos, são também inefáveis as alegrias na Igreja Padecente (= purgatório).

São Bernardino de Sena (+ 1.444) trata disso de modo convincente e digno de fé, pois funda-se não em lendas e sim na teologia, e faz delas um longo elenco:

1) Confirmação na graça;

2) Certeza da salvação;

3) Amor de Deus;

4) Visita dos anjos;

5) Visita dos santos;

6) Visita de Nossa Senhora:

Comentando o texto da Escritura – “Penetrei no fundo do abismo” (Eclo 24,8) – São Boaventura diz: “isto é, do purgatório para consolar com minha presença essas santas almas”.

· Gerson, célebre teólogo do Século XV, disse: No dia da Assunção de Maria esvaziou-se o purgatório. No momento de ser elevada ao céu, Maria pediu ao seu amado Filho a graça de levar consigo todas as almas, que então se achavam no purgatório. Desde então, diz Gerson, está Maria na posse do privilégio de livrar seus devotos daquelas penas.

· Dionísio Cartusiano, teólogo do mesmo século XV, diz que nas festas do Natal e da Ressurreição do Senhor, Nossa Senhora liberta muitas almas.

· Novarino, teólogo do século XVII, inclina-se a crer que o mesmo acontece em todas as festividades solenes de Nossa Senhora..

Palavra Final:

“Eu sou a Mãe de todas as almas do purgatório; pois por minhas orações lhes são constantemente mitigadas as penas que mereceram pelos pecados cometidos durante a vida”. (Revelação de Nossa Senhora a Sta. Brígida (+ 1.373), com a aprovação do Papa Bonifácio IX).

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